Opa, tudo bom? Aqui é o Marcello Vieira e, primeiro, quero desejar um Feliz 2023 para todos nós! Que tenhamos um ano muito bom, de muita saúde e muita prosperidade.
Tinha algum tempo que eu não escrevia e essa já é a 24ª Carta ao Investidor.
Quero começar o ano refletindo um pouco sobre 2022, quais foram os meus maiores aprendizados e reflexões desse ano que passou.
2022 foi um ano que eu quase não investi, quase não operei. E o motivo disso foi que em 2020/21 eu vinha basicamente focado só em cripto. Fiz o #plano1mm, fui de 32 mil dólares para mais de 1 milhão de dólares.
No mercado de cripto, o bitcoin atingiu um topo histórico em novembro de 2021 e não segurou a tendência de alta ainda em 2021.
Então eu entrei em 2022 com uma pequena exposição a cripto, mas já bem pequena e logo em seguida saí do mercado.
Ao longo do ano, fiz algumas operações de long short, onde a gente entra comprado e vendido em cripto ao mesmo tempo. E algumas operações só short, só vendido em algumas moedas específicas.
Conversando com um colega que é gestor de um fundo em cripto gaming, ele me relatou que acreditava que esses projetos iam colapsar. Eu estudei e fez total sentido pra mim. Foram duas operações grandes, que eu entrei pesado, e fiz em torno de meio milhão em cada uma dessas operações.
As operações de long&short não andaram muito. E as outras boas opções foram essas de short. Basicamente, foi isso que eu fiz todo o ano.
Isso já entra aqui na primeira lição, de que o cenário macro faz diferença. Eu enxerguei toda a mudança global com inflação após a grande injeção de liquidez do Banco Central no mercado com estímulos pós-Covid. Depois, os Bancos Centrais começaram a subir juros, houve o quantitative tightening.
Ou seja, foram se preparando para implementar tudo isso ao longo do ano, associado com a questão da guerra na Ucrânia, que causa uma série de conturbações e mudanças geopolíticas. Eu falo disso em detalhes no Cenário Macro.
Mas vendo isso tudo, quem acompanha o Cenário Macro – pra quem não acompanha eu envio o conteúdo escrito por e-mail e o vídeo fica no Youtube.
Na série Cenário Macro, eu cubro todo o cenário macroeconômico, geopolítico e o que está acontecendo no mundo dos investimentos.
E eu estava bem bearish, ou seja, bem pessimista com o mercado. Então, não voltei a ficar operando nem em cripto, nem em bolsa nem nada. Fiquei a maior parte do ano parado em cash, em dólar e acabou funcionando.
Não foi um ano fenomenal pra mim, longe disso. Mas, depois de ter em 2020 e 2021 anos fenomenais, ficar um ano levemente positivo, digamos assim, tá bo. Ainda mais em um ano de crise em que quase todos os investidores perderam dinheiro.
Bom, então, essa primeira lição é que o cenário macro faz diferença.
As suas estratégias, elas têm que estar adequadas ao cenário macro. As coisas mudam.
A gente vinha em anos de mercado em alta e agora estamos no maior bear market desde a grande crise do subprime de 2008. Mudou o cenário. Tem que mudar a estratégia porque o mercado caiu muito e eu acredito que tem mais pra cair ainda. Ou seja, você não pode ficar só comprado na esperança de que o mercado vá subir pra sempre.
Se você é trader, você não pode ficar operando só estratégias compradas quando o mercado vira pra baixo. Sua estratégia, que até então funcionava no mercado em alta, não funciona mais no mercado em baixa.
Todo investidor, todo trader, tem que se adequar às novas condições de mercado. Por isso, entender o cenário macro que você se encontra é muito importante para determinar que tipos de estratégias você vai utilizar de acordo com essas circunstâncias de mercado.
O fato de eu não ter ficado comprado nem em cripto, nem na bolsa em 2022 pelo cenário macro se mostrou uma estratégia muito acertada.
A gente tem o NM Índex, nosso robô para carteira de criptomoedas que se mostrou extremamente efetivo, mas efetivo no mercado em alta. A gente precisa do mercado em alta para usar essa estratégia. Não adianta ligar ela com tudo despencando. Por mais que a estratégia seja boa, nenhuma estratégia ganha dinheiro em todas as circunstâncias de mercado. Esse é um primeiro ponto importante.
O segundo ponto é ter estratégias para todas as circunstâncias de mercado. Eu sabia que em algum momento a gente teria um bear market. Lá atrás, eu acreditava que seria um pouco mais pra frente e não tive tempo de me programar e desenvolver todas as estratégias que eu queria para o bear market. Por isso, eu fiquei bem limitado durante 2022 na quantidade de estratégias para operar.
Daria para ter ganhado muito mais dinheiro se eu já tivesse essas estratégias prontas, que ficaram prontas só agora no final de 2022 e estou concluindo algumas agora no início de 2023.
Não é uma novidade pra mim. Eu não cheguei a essa conclusão só agora. Eu já tinha chegado antes, mas fica esse reforço de que, como eu estava falando, um trader que faz day trade ou swing trade e está ganhando dinheiro no bull market, o mercado vira e ele para de ganhar dinheiro.
Ou quem tem carteira para o longo prazo vinha bem – quem investiu no Brasil por exemplo – desde do impeachment da Dilma. Quando o Temer assumiu, teve aquela virada no mercado e teve um bull market razoável, uma boa oportunidade para quem aproveitou. Mas a circunstância agora mudou. Você precisa se adequar a isso. Seja investidor de longo prazo – carteira, seja trader.
Tem que ter estratégias para todas as circunstâncias de mercado. Estou bem feliz de estar agora, de fato, bem preparado pra isso.
Outro ponto é ter estratégias para múltiplos mercados. Eu vi e continuo vendo uma boa oportunidade em cripto, mas você precisa diversificar. Você não deve investir tudo num mesmo local.
Tudo bem que, quando cripto estava indo muito bem, dava pra focar mais em cripto porque a diferença de rentabilidade entre cripto, ações e outros mercados estava muito absurda. Agora acho que isso vai estar um pouco mais equilibrado. Pelo menos agora no curto prazo.
Eu trabalhei bastante para desenvolver estratégias de trading para cripto, muito mais para cripto inclusive, tanto comprado quanto vendido. Quanto para a bolsa americana.
Teremos bastante estratégias para a bolsa americana agora em 2023 – commodities, ETFs, energia. Vários setores, várias estratégias e várias áreas.
Além de ter estratégias para diferentes condições de mercado, é importante operar vários mercados diferentes e não correlacionados.
Assim, você evita ter uma grande perda em um único momento. Se você opera uma única estratégia e essa estratégia passa 3 meses indo mal, você passa 3 meses perdendo dinheiro. Quiçá bastante dinheiro.
Se você tem múltiplas estratégias, uma vai bem, a outra não vai tão bem esse mês. Se você tem 20 estratégias, 12 estão indo bem e 8 estão indo mal, por exemplo, você consegue manter tudo mais equilibrado.
E a melhor forma de fazer isso é com robôs, porque aí o robô faz tudo pra você. Não precisa monitorar e acompanhar trocentos mercados.
Essas são as minhas principais reflexões. Foi o que eu mais trabalhei em 2022 para estar preparado para surfar 2023 da melhor maneira possível.
Não vai ser um ano fácil de operar de modo geral, pois o ideal é quando o mercado está em tendência forte, seja de alta ou de baixa.
De alta normalmente é melhor porque uma ação ou uma cripto pode subir 1.000%, 2.000%, 3.000%. Pra baixo só cai 100%.
Pra cima, a oportunidade é sempre maior do que pra baixo. Mas um ano de queda, como foi 2022, traz bastante oportunidade.
Cripto, por exemplo, várias criptos caíram 90-95%. Foi uma grande oportunidade de se operar isso aí vendido.
Ou seja, você tem que estar sempre preparado para surfar todas essas oportunidades, seja para cima ou pra baixo. Isso é importante para você ter o máximo possível de consistência nos seus tradings, o que é o ideal.
E pra quem é investidor, mais carteira, estou um pouco preocupado nesse sentido com quem investe assim. Não comigo, porque eu sou mais trader, embora tenha também algumas estratégias de carteira, embora mais dinâmica, com robôs.
Mas eu acho que vai ser uma década mais pro trader do que pro investidor de longo prazo porque, como eu falei bom é quando o mercado ou tá subindo, ou tá caindo. Você pega a tendência e segue com ela. Faz operações a favor daquela tendência.
Eu acredito que vai ser um ano de volatilidade, possivelmente a gente pode ver ou retestar o fundo do mercado. Mas em algum momento, também, o mercado deve reagir depois que os bancos centrais pararem de apertar as condições monetárias, baixar juros etc.
Acho que vai ser um ano volátil, mas não tão direcional. Um ano que só vai cair ou então um ano em que o mercado vai recuperar e só vai subir a maior parte do ano. Não.
Para quem investe a longo prazo, pode esperar muita volatilidade e acho que o cenário de um modo geral é bem adverso, a nível global.
Se você pensar no Brasil, na minha forma de ver, o cenário é desastroso. Parece que a gente se encaminha, vamos dizer assim, para mais um governo Dilma. Todo mundo viu o que aconteceu: recessão, bolsa caindo, dólar subindo.
Tudo indica que estamos indo por esse caminho. Tomara que mudem ou façam alguma coisa. Mas hoje o que está sendo indicado, pelo próprio governo, é isso. Eu sou a favor de 100% de dolarização de investimento. Não estou falando de conta-corrente, reserva de emergência, esse tipo de coisa.
Eu sempre fui a favor disso porque, de um modo geral, você já tem muito risco Brasil, morando no Brasil, tendo renda no Brasil etc. Hoje em dia, nem se fala.
É outra coisa que é importante refletir. Eu já estou 100% dolarizado e investindo fora há muitos anos. Mas pra quem não está, pode ser uma boa reflexão.
Então é isso aí. Que 2023, apesar de todas as dificuldades, possa ser um ano muito bom pra gente.
Forte abraço,
